Pelo texto aprovado no início da madrugada, 75% dos royalties do petróleo serão destinados à educação e 25% à área da saúde. Após a votação, os deputados aprovaram regime de urgência para analisar o texto que altera o FPE. O fundo é formado por 21,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), tributos federais. Caso o texto não fosse aprovado, havia o risco de os estados terem as transferências referentes ao mês de junho suspensas pela União. O projeto, que era do Senado e sofreu mudanças na Câmara, foi aprovado com 344 votos. 13 deputados votaram contra.
Veja os deputados que votaram a favor da PEC e as abstenções:
Favoráveis:
Abelardo Lupion (DEM-PR)
Mendonça Prado (DEM-SE)
Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG)
Valdemar Costa Neto (PR-SP)
João Lyra (PSD-AL)
Eliene Lima (PSD-MT)
João Campos (PSDB-GO)
Sérgio Guerra (PSDB-PE)
Lourival Mendes (PT do B)
Abstenções
Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR)
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)
As sessões para analisar os três temas são uma tentativa de resposta do Congresso às manifestações populares das últimas semanas. Nesta terça, o Senado também anunciou que votará temas importantes antes do recesso parlamentar.
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PEC 37
A negociação para a votação da PEC 37, que foi alvo dos protestos pelo país, começou na manhã nesta terça-feira. A PEC previa a retirada do poder de investigação do Ministério Público sobre ocupantes de cargos públicos. As investigações ficariam somente a cargo da polícia. À tarde, os líderes partidários fecharam um acordo para recusar a proposta. A ideia dos deputados é esvaziar parte das reivindicações dos protestos programados para esta quarta-feira e o restante da semana.
Na sessão, os líderes apresentaram os votos das bancadas ao longo da noite. Os manifestantes que acompanhavam a votação aplaudiam cada voto contrário. A proposta teve 430 votos contrários e nove a favor. Dois deputados se abstiveram. A sessão começou por volta das 20 horas e foi encerrada às 21h43. Para ser aprovada, a PEC 37 precisaria de 308 votos favoráveis.
Pressão durante a votação
Aos gritos de "rejeita, rejeita", centenas de procuradores e promotores acompanharam a votação nas galerias da Câmara. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), fez um apelo pela rejeição da proposta. "O povo brasileiro quer cada vez mais combate à corrupção", afirmou. "É um ato de unanimidade derrotar essa proposta".
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), fez um dos discursos mais inflamados e lembrou a pressão popular. "Foi o clamor das ruas que trouxe a PEC e isso que vai derrubar. É isso que tem que ser valorizado. Não é a vontade dos deputados. A pauta do Congresso não tem que ser pautada pelas empreiteiras, pelos bancos, pelos interesses".
O PT recomendou a derrubada do texto, mas disse que pretende discutir novas regras para a investigação.
Autor da PEC, o deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA) afirmou que o debate em torno do texto foi deturpado e que foi rotulada "indevidamente de PEC da Impunidade". "Não tem nada de impunidade. Tem garantia do Estados democrático de direito."
Os delegados de polícia e os deputados favoráveis à PEC 37 argumentaram que é preciso dividir as funções para coibir abusos, enquanto os membros do Ministério Público e a maioria dos parlamentares considerou que o órgão pode fazer suas próprias investigações.
O impasse gerou uma disputa entre as categorias e chegou a ameaçar o andamento de investigações. Em abril a Câmara criou um grupo de trabalho com representantes de policiais, do Ministério Público, do governo e da Casa para trabalhar um texto alternativo. Não houve consenso. O Ministério Público não aceitou apurar de forma extraordinária, só quando houvesse risco para as investigações das policiais.
Sem entendimento, o comando da Casa chegou a anunciar que a votação seria adiada. Com as manifestações da últimas semanas, o tema voltou à pauta. Com a rejeição, a PEC foi arquivada. O tema, no entanto, deve voltar à Câmara: na próxima semana deverá ser discutido um projeto do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que é promotor, para regulamentar a investigação criminal. Também há uma proposta de lei complementar que define o papel do Ministério Público nas investigações. A proposta deverá ser votada em agosto.
Resposta às manifestações
Perguntado se a votação da PEC era uma resposta ao clamor popular, Henrique Alves respondeu que a Câmara sempre “vocalizou” as insatisfações da sociedade. “Foi assim na ditadura, em relação ao impeachment [do presidente Fernando Collor, em 1992], na [Assembleia Nacional] Constituinte [1987-1988], foi ela [a Câmara] quem vocalizou".
Para o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a derrubada da PEC foi "um gesto" da Câmara em resposta às manifestações. "O fato é que a PEC 37 acabou virando sinônimo de uma péssima iniciativa".
O líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), ressaltou que a derrota da PEC 37 coloca a Câmara em sintonia com as ruas. "A PEC 37, quando quer dar exclusividade a um ente só para investigar, ela já nasce torta. Temos que aprender com o povo".
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